sábado, setembro 10, 2005

Estou a estudar...

A estas belas horas e eu ainda estou a estudar... ao reler as folhas do caderno dou comigo a rir-me de mim própria. A minha letra mudou, ligeiramente. E apenas dois anos de "escolinha" (superior) chegam para isto... continuo a leitura do caderno mas, algures por entre as páginas soltas, surge a frase que me faz parar: Leiam livros. Alimentem a alma. Uma alma muito pobre, tem muito pouco para mostrar aos outros.
Eu costumava escrever, no ínicio das folhas, as "calinadas" dos professores, as asneiradas ou o número de perdigotos que eles lançavam... mas esta, tinha a capacidade de dizer sempre algo meio poético e muito acertado!

Duas faces da mesma moeda

(Ele)
Vou sair com a minha miúda. Primeiro, levá-la a jantar, coisinha romântica e tal, dar umas voltinhas e depois... quem sabe como acaba a noite?! Sei eu! Pena é que os velhos dela são uns cortes, senão a noite acabava bem tarde e não era comigo a deixá-la em casa.

(Ela)
Caminhavamos num centro comercial apinhado, numa daquelas noites em que todos os casais se lembram do mesmo: jantar (pouco) romântico num ambiente barulhento, (demasiado) iluminado, recheado dos mais variados aromas (desde o cheiro a dia-de-trabalho-ao-sol do vizinho do lado ao odor gorduroso da tão apreciada junk food) numa daquelas mesas que, mesmo ao canto de tudo, se situam no meio da confusão.

(Ele)
A entediante rotina de sempre: o jantar (enquanto a oiço falar) seguida da volta pelos corredores, como que a desfilar na passarela (para os outros, os que comem, falam, fumam, ou simplesmente esperam sentados por alguém), o olhar para as montras, o entrar e sair de lojas, o experimentar de roupas...
Nunca percebi o fascínio das gajas pela roupa! Ainda se pudesse entrar no provador com ela... ui! Isso é que ia ser provar!...

(Ela)
Não posso crer... que noite desperdiçada... ele não abriu a boca durante o jantar, limitando-se a uns grunhidos afirmativos cada vez que lhe fazia uma pergunta. Ainda por cima, trás-me para aqui... estou farta de montras, lojas, roupas! Tudo o que eu queria era estar na rua, a olhar para as estrelas com ele a meu lado e nada mais. Mas não, andamos os dois aqui enfiados, mais monossilábicos do que outra coisa e sempre que eu digo “vamos embora”, ele continua a andar e vai ver qualquer coisa.

(Ele)
Sai de loja, entra de loja... e eu sempre com ela porque fica mal esperar no carro ou sentar-me nos bancos espalhados pelos corredores, porque segundo ela “a maior seca do mundo, deixa de o ser quando estou contigo”. O que um gajo nestes dias não faz quando gosta de alguém... (por alguém, entenda-se, uma mulher! Sim, que eu não sou cá desses que gosta de homens... nada contra, cada um é como é, mas cheguem-se perto e conhecem o meu punho!!!) Mas pronto, pelo menos já há mais lojas para homens... e há uns casacos que me ficam muito bem...

(Ela)
Farta deste programa-maravilha envenenado, pego-lhe pelos colarinhos sem ele estar à espera e beijo-o demoradamente... digo-lhe para sairmos dali e irmos ver o céu estrelado.

(Ele)
É caso para dizer: “aleluia”! A miúda fartou-se do shopping e quer festa! Saímos de lá a 200 à hora, rumo ao nosso local preferido. Aquele lugarejo escondido, atrás dos arbustos, no cimo das rochas e com vista para o mar, que descobrimos na noite em que nos conhecemos... ui, a noite promete!!!

(Ela)
Fomos para o nosso sítio. O rádio tocava uma música qualquer, bem baixinho. Aninhei-me ao lado dele, a olhar o céu, enquanto saboreava aquele momento de entrega e cumplicidade.

(Ele)
Comecei a beijá-la... pouco a pouco, brincava com os botões da camisa e ela... ela berrou!?!!? Disse-me “estragaste tudo! Só pensas nisso?!”?? Ainda estou parvo com esta... mas então não era o que ela queria!?

(Ela)
Não acredito! Ele estragou tudo, mais uma vez! Apressado!!! Não é capaz de saborear um momento!? Afinal, é verdade, não falamos a mesma língua!...

(Ele)
Pedi-lhe desculpa... mas nem sei bem porquê, se eu “só penso nisso”, pelo menos é só com ela que penso! Mas pronto... pedi-lhe desculpa...

Ela olhou-o e dentro dos seus olhos viu o quanto ele a amava e por isso, não desistiu. Beijaram-se ternamente e ficaram a olhar as estrelas...

terça-feira, setembro 06, 2005

Vá, chamem-me cortes!

Acordo tarde. Mais um dia de férias em que acordo tarde! Janela aberta, para deixar entrar o sol (num dia que chove e está nublado), despertador aos berros (que desligo automaticamente, mesmo sem sequer acordar) e o aviso aos pais “acordem-me cedo” que já sei que não funciona. Há dias assim, em que o sono nos puxa para o mundo dos sonhos... mesmo quando se acorda e nem sequer se sabe com o que se sonhou.
Acordo tarde. Saio da cama aos trambolhões, olho-me no espelho e vejo um emaranhado de cabelos sobre a cara branca salpicada de água fria (a infalível técnica para despertar). E assim começa um novo dia... em que o estudo espera por mim. Olho para a secretária e vejo a pilha de livros que me aguarda... vou almoçar!
Almoço tarde. Mais um dia que, para não variar, almoço tarde... mas mesmo assim, em família... onde inconscientemente me faço perder em conversas, para não ter de reencontrar os livros... mas tudo acaba com a careta do costume associada ao mau-café-solúvel-de-trazer-por-casa que vem sempre antes de uma tarde de estudo... (a infalível técnica para não adormecer!)
É tarde. Olho para o relógio, e é tarde. Os livros são desfolhados, lidos, mas nem assim a vontade de estudar aparece... (fico à espera dela?) Deixo os livros de lado e ligo o computador, apenas para imprimir o que faltava ao estudo... mas o mundo exterior “ataca”. As saudades que fermentaram durante as férias, os encontros à espera de serem marcados, os convites para o teatro, a pausa para café, a ida à praia com os amigos, o passeio romântico, o geladinho em Cascais, a tão esperada borga, o fim-de-semana só de “gajas”...
É tarde. Saio do computador com uma sensação de vazio... recusei o irrecusável, li as palavras e vi o ar de desapontamento através do ecran...
É mesmo tarde. Estou “ridiculamente inconsolável”... mas estou a estudar!

Abrir a arca...

Liguei o computador, com vontade de escrever. E escrevi, dediquei o texto a todos os que neste momento têm vontade de estar comigo e, pelo mesmo motivo não podem estar (altura de estudar, meus amores, é assim!). E ia postar o texto no meu photoblog, como fiz algumas vezes (curiosamente, usava-o mais como um blog do que outra coisa!)... mas surge a mensagem da impossibilidade: passou o prazo de validade! E nesse momento, nasce em mim a vontade de criar um blog. E por isso aqui estou, para abrir a arca dos meus pensamentos e partilhá-los com quem os quiser ler...